Enfrentar o desafio de fazer uma descrição de nós mesmos como agentes conscientes, atentos, livres, racionais, falantes, sociais e políticos, em um mundo, porém, em que a ciência afirma estar constituído de partículas físicas sem sentido, nem significado constitui uma das questòes essenciais da filosofía em principios do sèculo XXI. Como explicar a relação do mundo humano com o resto da realidade? Que significa ter uma crença? Que é o dinheiro? Que é realizar um ato de fala? O que é sociedade? A análise lógica em questão deve ser entendida, pois, em um sentido amplo, pelo qual a operação começa a partir do que sabemos acerca do mundo, das entidades descritas pela física, pela química, pela biología. A partir daí, as perguntas que vão surgindo tenderão a procurar explicações de assuntos aparentemente sem relação ou que se encontram indiretamente relacionados. Dar prioridade aos fatos significa, em Searle, que, se eles contradizem certos pressupostos, são estes que devem ser descartados, e não os fatos. Se o ponto de partida são os fatos, as questões que mais lhe preocupam podem ser sintetizadas num único problema ou num problema maior, como, por exemplo: como é possível que, num mundo de fatos de partículas físicas e campos de força, possam existir a consciência, a intencionalidade, a propriedade, o dinheiro, etc.? Uma vez que vivemos num só mundo, deveríamos ser capazes de explicar exatamente como as diferentes partes desse mundo se relacionam entre si (SEARLE, 2000, p.17).