Quem é essa garota que, ainda tão nova, já tem tantos sentimentos e sensações guardados na memória e pode escrever sobre eles de modo tão sutil, tão delicado e ao mesmo tempo tão identificado com as pessoas de sua idade? Seu nome é Carolina Michels e ela tem agora quantos - 17 anos? Eu a conheci num jantar em que três pessoas caretas e de meia idade - o pai dela, uma amiga comum e eu - nos reunimos em torno de Carol para aconselhá-la - imaginem a nossa pretensão - sobre suas possibilidades futuras como jornalista ou escritora, carreiras que ela tinha escolhido seguir. Claro, os conselhos que lhe demos foram mínimos, pois desde a primeira frase pronunciada ficou evidente que Carol já sabia o que queria. Tanto sabia que este livro, o primeiro produto da carreira que ela inicia tão precocemente, é uma prova clara do seu talento e da sua aptidão para a escrita, uma prova de vestibular na qual ela passa com distinção e louvor. Num universo em que meninas se tornam admiradoras de tias, pessoas de idade mais avançada que escrevem sobre e para elas, Carolina Michels surge como uma voz bem mais autorizada: é uma menina que escreve para suas contemporâneas, que as entende e que procura traduzir, através de uma escrita de extrema delicadeza, o que lhes vai na alma e no coração. Por isso prevejo para Meus Encantos, o livro com que ela se estreia, uma bela carreira. Carol, de um jeito coloquial, quase à maneira de um diário, fala com a autoridade do conhecimento de causa para meninas como ela, e é dessa maneira que será de imediato reconhecida e entendida.