O eixo central do texto é o ébrio e as tensões em torno da construção da masculinidade. O livro se inscreve numa nova tendência da historiografia - os estudos de gênero - que vem contribuindo no sentido de tornar a História um discurso crítico em relação às idéias universais e às naturalizações. O texto aborda as representações de gênero emergentes no discurso médico e musical no período que vai de 1889 a 1940, chamando atenção para o fato de que os perfis masculinos e femininos que aparecem nestes discursos são móveis, cambiantes e relacionais. A abordagem se destaca ao focalizar a construção histórica das masculinidades, temática bastante atual e com escassa bibliografia. O trabalho se mostra inovador por tratar de um personagem que se inscreve na contramão deste processo de serialização e de construção do masculino - o ébrio, para tanto foi analisada uma ampla documentação das campanhas e ações médicas e públicas contra o alcoolismo em São Paulo. A análise dessa documentação permite desvendar como foram se definindo perfis de homens e mulheres desejáveis e indesejáveis, como, nestas campanhas contra o uso de álcool, se veiculam padrões de sensibilidade, se procurava gestar uma nova família, construindo novos comportamentos, hábitos, valores, costumes para homens e mulheres.