Neste livro, o autor nos apresenta, uma instigante e necessária discussão filosófico-política. Para o filósofo, a passagem do mundo natural para a vida em sociedade possibilita, ao mesmo tempo, tanto o surgimento de uma consciência moral, fundada na solidaridede, no amor-de-si e no sentimento originário da pitié, quanto a fúria do amor próprio, princípio do narcisismo. É a preponderância do segundo que cria as condições para a irrupção da figura do Tirania/Narciso, o Leviatã rousseauniano, e para a teatralização da vida social. Politicamente, temos, então, uma mise-en-scéne na qual o público perde o sentido de bem comum, e a platéia, tragicamente, é reduzida a nada. Pela voz de Rousseau, em sua crítica ao narcisismo, vislumbramos a possibilidade de uma verdadeira ética da alteridade, garantia de respeito e compaixão a todos os excluídos, única forma possível de uma cultura verdadeiramente democrática.