O livro Paiol de Telha, a dívida histórica com o povo quilombola dos campos guarapuavanos - PR apresenta as lembranças de membros de uma comunidade quilombola e as consequências de determinados fatos ainda presentes no cotidiano das famílias. Em 1860, Balbina Francisca de Siqueira, proprietária da fazenda Capão Grande, passou em testamento uma área denominada Invernada Paiol de Telha, também chamada de Fundão, aos seus escravos. Os herdeiros foram libertos 28 anos antes da abolição da escravidão e receberam aproximadamente oito mil hectares. As terras da Invernada eram as melhores da região, fato motivador para a desapropriação, iniciada logo após a morte da proprietária, no século XIX, quando os negros perderam mais da metade da área, e concluída com a total expulsão dos herdeiros, em 1975. Na tentativa de reaver o território, alguns membros da "Paiol de Telha" acampam ainda hoje às margens da fazenda. Já foram retirados do local diversas vezes. Em 1997, as famílias foram assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas continuam na luta para recuperar as terras. Atualmente, as famílias estão dispersas. Parte delas está no barranco, próximo à fazenda reivindicada, o restante se encontra no assentamento, a cerca de 30 quilômetros de Guarapuava, e nas periferias dos municípios Guarapuava e Pinhão. A autora.