Primeiro biógrafo de George Eliot a ter acesso a todo o acervo da autora, incluindo sua correspondência, o americano Frederick Karl esquadrinha em George Eliot - A voz de um século - um lançamento da Editora Record - a vida da principal escritora inglesa do século passado, a quem celebra como o espírito e a mente da era vitoriana. Karl mostra que, mais do que Dickens, Carlyle, Arnold e possivelmente Tennyson, Eliot é a personalidade mais representativa das angústias e ambigüidades do século XIX. Nascida em 1819 em uma sociedade eminentemente rural, Eliot, batizada Mary Ann Evans, viveu os momentos mais importantes deste período, inclusive a transição para a era dos progressos tecnológicos e sociais. Sua obra assimilou as idéias humanistas e científicas que brotavam na Europa. Por esta e outras razões, a vida de Eliot foi repleta de contradições. Extremamente religiosa quando criança, ela aderiu ao racionalismo sem, no entanto, rejeitar os valores do calvinismo que aprendera. Seus impulsos humanitários e sua disciplina rígida eram compensações calculadas para uma vida religiosa que ela não poderia ter depois de revelar o romance com George Lewes, homem casado e com filhos com quem viveu 24 anos até sua morte em 1871 - um relacionamento que afrontava a conservadora sociedade vitoriana.