Em Como Nossos Pais, Pedro Neschling faz um retrato profundo e obscenamente sincero da relação entre um pai e um filho que perderam, ou nunca tiveram, a capacidade de verdadeiramente olhar um para o outro e o resultado de tamanha cegueira. Um contundente drama familiar contemporâneo que nos lança a uma profunda reflexão sobre o confronto entre as consequências da criação dada pelos pais no que os filhos se tornam, frente à capacidade que cada indivíduo tem de se reinventar. Tudo aquilo que nos machuca deixa marcas profundas que moldam nossas visões sobre o mundo e nossas personalidades. E muitas vezes, tentando não repetir os erros dos nossos pais, acabamos criando novos buracos e cicatrizes nos nossos filhos. Com personagens densos e atuais, a trama se desenrola de forma ágil e enxuta através de diálogos afiados e muitas vezes desconcertantes, e nos faz ter a estranha sensação de estarmos olhando ao mesmo tempo para nós mesmos e para dentro das casas de qualquer grande figura dos jornais. Uma peça atual, comprometida e necessária.