Quando é que nasce um poema? Quais elementos são necessários para que uma simples informação retirada do jornal, do Google ou de uma fábula antiga possa se configurar em poema? Essas são algumas das perguntas que me fiz quando li pela primeira vez o livro de estreia da poeta mineira Ariane Viana. Num dos poemas, Os olhos da aranha, a poeta conjectura sobre a possibilidade de sair de si não como uma experiência de quase-morte ou de sublimação em um nirvana hipotético, mas a partir de uma suposição fisiológica de ver através de muitos olhos e daí poder observar o mundo como num prisma, a partir de muitos ângulos e perspectivas. Ariane, então, escreve: Os dramas pessoais seriam percebidos/tal qual minúsculos insetos/presos na trama. Os assuntos tratados no livro são variados e abordam desde a necessidade de haver bidês nos banheiros domésticos brasileiros ao fato insólito de um bairro de Belo Horizonte levar o nome de Luxemburgo. É como se os conteúdos abordados não tivessem (...)