Se em "Uma Cultura Ameaçada" os perigos para a sobrevivência da matriz cultural luso-brasileira vinham sobretudo do imperialismo nazista alemão, nos textos posteriores sente necessidade de a diferenciar da experiência colonial anglo-saxônica. Quando escreve os dois últimos textos, a conjuntura política internacional havia mudado e Freyre, mantendo-se fiel ao seu quadro interpretativo inicial, cujas virtualidades saem a perder com a instrumentalização política a que foi sujeito, suscitou a animosidade dos nacionalistas africanos e das forças políticas de esquerda quer em Portugal, quer no Brasil. Hoje, porém, num mundo que tanto tem de globalizado como de anglo-saxonizado ou americanizado, ao evocar-se a lusofonia como plataforma identitária e estratégica, talvez não se esteja tão afastado assim do sentido que Freyre atribuíra à matriz cultural luso-brasileira.