(...)Trata-se, sem dúvida, de uma questão fundamental, posto que erode as concepções que sustentaram o antropocentrismo predatório da modernidade, hoje evidente pela crise de civilização e pela formidável e perigosíssima crise ambiental que atravessamos. Esta concepção humanista se inscreve, como demonstra o autor, em uma ontologia democrática, no interior da qual é possível pensar a igualdade sem dissociá-la da diferença. Num texto ao mesmo tempo fluente e rigoroso, o autor desenvolve o revolucionário pensamento de Spinoza, levando o leitor a examinar questões clássicas do direito, da ética, e da política desde ângulos diferentes, a partir dos quais a reflexão crítica se torna não apenas possível, mas inevitável. É este o desafio a que faço alusão no início destas linhas. Por isso mesmo a leitura desta obra é altamente recomendável para quem insere seu trabalho no campo do direito, da política e da filosofia. Entretanto, não é apenas para esse público especializado que este trabalho interessa. O leitor informado deve ter percebido, nas poucas referências feitas nestas linhas, que algumas das questões básicas discutidas neste livro antecipam, em mais de dois séculos, perspectivas contemporaneamente aprofundadas e desenvolvidas em áreas do conhecimento que, como a física quântica ou a psicanálise, sequer eram possíveis na época em que o autor da Ética realizara sua obra. Por isso mesmo a leitura deste trabalho é altamente recomendável para todos aqueles que se preocupam com as questões cruciais do conhecimento e da ação.