Rio como veias, caminhos, seivas refletivas; sob as fruídas sombras a abraçarem as sonolentas correntes do rio, vive, à espreita, alguém que domina absoluto, mesmo com sua rudeza, a poesia escondida em brumas de natureza encantadora, que arrebata de maneira fugaz as vidas aleatórias, no entanto corajosas. Homem da natureza, ribeirinho de todos os cantos, se vê agora, ainda que se sinta parte dos rios, do natural, um marginal no mundo que antes era seu. Dessa realidade alucinante moldou-se Os ribeirinhos do Rio Negro, obra que fotografa a realidade marginal e, como espelho, reflete para os leitores, e a este povo, possibilidades de resgate da poesia natural de vidas involuntárias que testemunham a natureza pulsante sob as sombras e veias de uma Amazônia irrefutável.