Partindo da caracterização histórica da boemia estudantil do romantismo brasileiro, a pesquisa de Vagner Camilo realiza uma análise das várias inflexões do humor romântico, que vão da ironia e do humor ligeiro até a sátira palavrosa, o humor negro e o nonsense, tendo como pano de fundo o cenário da antiga São Paulo, “sombria como uma essa de enterro”, segundo a descrição de Satã a Macário, numa das obras mais conhecidas de Álvares de Azevedo. Ao comparar o “riso soturno” dos românticos – com especial destaque para Álvares e Bernardo Guimarães – ao “riso claro” dos modernos, o autor se detém sobre essa vertente de nossa tradição literária que ocupa um entre-lugar, desalinhado em relação à positividade dos indianistas e ao espírito combativo dos poetas condoreiros, espaço ideal para que surja a veia satírica.