Os cursos de formação de professores, as antigas Escolas Normais, a Habilitação Específica para o Magistério e os cursos de Pedagogia irão valer-se de Projetos e heranças da escola moderna nos manuais pedagógicos (1870-1970), que é, como diz Vivian, produto e produtor da escolarização. Trata-se, ainda nos termos da nossa autora, de homogeneizar para ensinar, de subordinar para ensinar. São livros que querem efetivamente ensinar a ensinar. São aplicações concretas e imediatas na sala de aula. Mas os livros de formação de professores são mais do que isso: compõem uma linguagem, uma estratégia de classificação e de ordenamento das coisas ditas. Assim, Vivian demonstra a existência de categorias que expressam o tema da avaliação nos manuais pedagógicos: disciplinar; verificar os resultados; ordenar as classes e a escola; medir; diagnosticar; prognosticar; organizar o fluxo escolar; técnicas de avaliação. Afinal, a escola lida simbolicamente com a punição e com a recompensa. Sua trajetória não é linear e não é a mesma para todos os seus alunos. Os professores devem, portanto, aprender a discriminar, a diferenciar, a estabelecer correlações. Não é fácil. Por isso, o livro ensina. Por tudo isso, pode-se dizer que o livro é resultado, mas também um produtor da forma com que a escola se apresenta à sociedade. O manual pedagógico forma, informa e conforma as situações escolares de tal maneira que os futuros professores possam ser modelados para inscreverem suas ações na lógica e na dinâmica de uma gramática da escolarização, que se apresenta como um corpo único de saberes, de valores e de fazeres. Os professores em formação apreendem a orma escolar de socialização também por seus manuais. E, com isso, construirão eles próprios suas específicas culturas escolares. O livro de Vivian versa sobre tudo isso. São muitos os livros abordados. São múltiplas as abordagens e as funções ocupadas por esses compêndios. E Vivian passeia pela documentação, com desenvoltura e estilo.