O título desta obra, Filosofia e Literatura: uma Relação Transacional, já expressa seu conteúdo e concomitante metodologia. Entre essas duas áreas do conhecimento há uma relação que não é de dominação nem de submissão, mas de entrelaçamento, de fusão, de procriação, de proliferação de sentidos. Com suas idiossincrasias, enquanto áreas próprias do conhecimento, elas possibilitam um encontro criativo e criador entre filósofos e literatos, não apenas no âmbito dos temas que comungam - a linguagem, o tempo, o sentido, a estética, a morte, o amor, o ódio, a liberdade - mas, também, no modo de expressá-los, posto que cada leitor pode neles projetar-se, refletir-se e reconfigurar-se em sua humanidade. Um olhar mais atento à origem da Filosofia nos revela que lá estavam e encontravam-se articulados conjuntamente metáforas, aforismos, poemas, diálogos, o que não minimizou a força do exercício filosófico, nem impossibilitou sua elaboração sistemática com caráter intertransdisciplinar. Aliás, sobre a alma humana, não há como não olhar e dizer senão deste modo. Nessa perspectiva, o confronto crítico entre a Filosofia e a Literatura é gerador incessante de sentidos, seja para seus escritores, seja para seus leitores. Enfim, tanto as obras literárias quanto as filosóficas são como que variações imaginativas acerca do ser, do real, da vida humana.