A estrutura que permeia este ensaio é a crise. Esta categoria ontológica que é dialeticamente a irmã gêmea-produto do modo de produção capitalista e que interfere em nossas subjetividades e materialidades, redefinindo nossos cotidianos e sonhos demiurgos. No caso específico deste ensaio, os artigos reúnem esta preocupação a partir da ótica ciência geográfica, e tem o espaço como centro. Atualmente, com o forte questionamento a nova sociologia da ciência, uma nova institucionalização está sendo forjada; primeiramente moldada pelo contexto enigmático desta fase do capitalismo; mas também, por uma construção que teve início a partir da obra de Thomas Khun, A Estrutura das Revoluções Científicas e que permitiu, lentamente, rever concepções, posturas, esquemas e estruturas cognitivas e interpretativas sobre o mundo e à ação humana em sua construção científica. Mais do que nunca, a Geografia é chamada a dialogar, com uma postura transdisciplinar e muitas vezes pós-disciplinar, como acontece com o conceito de espaço e as categorias território e lugar. Isto exige uma postura e um embasamento filosófico, para, a partir daí, pensarmos uma epistemologia para além da disciplina, um não-ser. Estaríamos nós, geógrafos, preparados para enfrentar este desafio pós-disciplinar e que ao mesmo tempo questiona a tradição de nossos cursos e currículos de graduação? Não seria este, o momento de realizarmos uma revisão crítica sobre nossas teorias, conceitos e categorias a partir de uma coaprendizado com outras ciências humanas, naturais e com as tecnociências? Contrário ao mito do eterno retorno, não deveríamos aprender com o Dionísio de Nietzsche sobre a transvalorização dos valores?