"Dinâmica Cardiovascular, do Miócito à Maratona", é em parte uma nova edição do anterior "Função Cardíaca, da Normalidade à Insuficiência". No prefácio da primeira edição estão explicadas as motivações básicas de tê-la escrito, as possíveis angústias do escriba e os propósitos da obra. Em parte o livro atual é novo, porque acrescentei dois capítulos ao anterior (o primeiro, "Desenho do aparelho cardiovascular", e o sétimo, "Controle neural do coração e da circulação"), revisei inteiramente e atualizei texto e bibliografia em todos os capítulos e mais que dupliquei a quantidade de figuras, de 80 para 172. Aparentemente é menos fácil explicar a continuidade de propósitos, tendo mudado aspectos de forma e conteúdo, ou seja, o paradoxo da transformação da perenidade, mas a complexa fisiologia cardiovascular de hoje nos remete a meandros antes insondáveis. Dentro da ordem cartesiana em que se situa a ciência, esta é cada vez mais verdadeira quando os pilares sustentam, sem vergarem, os novos acréscimos de conhecimento. Atualização não é infidelidade às origens. Foi o que procurei fazer, atitude que se refletiu na manutenção de uma bibliografia predominantemente seminal, ressaltando que, quando se fala em qualidade, novo nem sempre é sinônimo de melhor. É melhor repetir o bom que inventar o ruim. Por isso reproduzo não necessariamente novas figuras mas as que considero mais informativas. Como não é possível reinventar a fisiologia a cada nova edição de um livro, é sempre um desafio manter o equilíbrio entre o precursor e o atual. Infelizmente, alguns pensam que a medicina tem a idade do último artigo lido. Isto às vezes pode ser verdade para temas de pesquisa original e revolucionária mas jamais para a expressão de uma cultura médica crítica e conseqüente.