Marta Rocha apresenta-se neste primeiro livro como uma poeta do amor-corpo fluido e de consciência surrealista. Num imaginário que habita as divisões da casa, o trabalho fonético e gramatical exige uma leitura atenta à melodia cuidada dos seus versos, naquilo que é mais uma evidência de que a sua poesia é para se ler sedentos de vincos de nós. Deste imaginário nasce um outro rio, o do corpo, cuja metamorfose evoca a impossibilidade e a deterioração do sentido habitual das palavras. Marta Rocha, neste seu conjunto de poemas, encontra um ser-se erótico, fundindo corpo e casa que acabam, quase sempre, na ausência. Guilherme Lidon Guerra