Esse é um livro experimental, radicalmente experimental. Não à moda de certos experimentalismos, que caem no nada, numa espécie de experimentar por experimentar. Leo Thim leva a fundo a concepção de que forma e conteúdo nunca se separam. Assim, as invenções formais que o livro propõe mantêm íntima relação com o que os poemas desejam dizer. A linguagem é deformada numa experimentação que a amplia, e assim as possibilidades do mundo também crescem. Digamos que sua coerência formal seja justamente esta: se cada poema deseja expressar algo único, deve também possuir uma forma única, uma forma que consiga sustentá-lo no mundo. Mundo este que é (des)povoado por fantasmas. Um mundo interior, nunca enclausurado pelo tom confessional, mas onde as paixões e as memórias passeiam cobertas por lençóis brancos. Às vezes, confundido com uma casa abandonada cuja mobília buscamos em vão preservar, há ratos e traças. Às vezes, há uma multidão de fantasmas solitários aos pés de uma Babel em chamas (...)