Pouco ou quase nada está em segurança neste novo livro de Fernando Andrade. Melhor assim. O que o leitor encontrará nas narrativas breves de Logaritmosentido é uma espécie de reinvenção do olhar para a cidade e para as relações entre os cidadãos, passando sempre pela fabulação e pela linguagem. Tais cidadãos podem ser números que esperam alguém chamado zero para construírem um muro, uma criança que enche um balão e o deixa voar no espaço como ato político, suicidas que antes de se jogarem de uma marquise avisam que estudaram filosofia, pedras que sofrem de fadiga ou um homem chamado Kall que sente raiva de quem apenas passa pela praça, sem enxergá-la como um lugar com sua existência própria, digna de ser habitada. É assim que a grande morada desse livro é a linguagem e a imaginação.