O pesado que voa abre caminhos no vasto espaço lírico de Amanda Vaz Teixeira, iniciada no sopro do espírito que a conduz ao desbravamento da linguagem. Os elementos utilizados pela autora para criar a alquimia de seus versos revelam a química do etéreo que se densifica para virar matéria sólida; destilando sentimento em palavra, convertendo pensamento em poema. Sua voz despretensiosa é o relato de um olhar sobre o estar no mundo, os desejos da psique, as relações corpóreas, e os encontros que se atravessam num movimento dardejante, vibrando no ar o que se manifesta no plano terreno, do qual a poesia é refém, por mais alta que seja a incidência dos astros sobre a influência de seus versos. Encontramos no seu enredo urbano a rebeldia contra a lógica do que estabiliza o claustro da alma; o inconformismo dos sonhadores; a determinação dos que realizam; o trajeto ondulatório das ruas boêmias; a consagração de todos os santos e orixás. Forma livre, ritmo e figuras que marcam o desenvolvimento de abertura para a descoberta de si: humana e poeta. Som, imagem e respostas físicas para contatos emotivos se apresentam como experiências vivas, pulsantes daquilo que nasce tão leve e decisivo quanto uma intuição.