Elegendo o processo interacional como o espaço de construção de sujeitos e da própria linguagem, João Wanderley aborda o trabalho linguístico a partir de três perspectivas que se entrelaçam: as ações que se fazem com a linguagem, as ações que se fazem sobre e as ações da linguagem na constituição dos sujeitos e dos contornos de possibilidades das duas outras ações lingüísticas. Fundado nesta concepção de linguagem, discute, a propósito do ensino, a correlação entre o resultado do trabalho científico e a construção do chamado conteúdo de ensino. No confronto entre o trabalho com o resultado da pesquisa e o trabalho de produção de conhecimentos, opta pelo segundo, fornecendo, no que tange ao ensino de língua portuguesa, elementos caracterizadores de um ensino produtivo da redação, da leitura e da gramática como alternativa de base sociointeracional e discursiva às formas costumeiras do ensino escolar da linguagem.