Rubi e Diamante são dois meninos perdidos na própria história de vida. Viviam na mais extrema pobreza. Tudo neles é determinado pela pobreza e pela exclusão social: a constituição familiar, o espaço, o tempo, a linguagem, os usos, os costumes. Ao chegarem à escola traziam consigo uma cultura que não cabia no contexto escolar que tem padrão definido e, para que o (a) aluno (a) seja aceito(a), precisa encaixar-se nele. As atitudes em sala de aula, os cuidados das professoras para com eles, nada disso fazia sentido, pois não possuíam conhecimentos, vivências, muito menos observação dos costumes da vida social, como: civilidade, delicadeza, polidez, cortesia, concebidos como inerentes ao ambiente escolar. A cultura imposta pela escola aos irmãos, não levou em consideração a história de vida dos mesmos, a tentativa foi de encaixá-los no cotidiano escolar, o qual tem regras, normas e valores definidos à priori. Devido às dificuldades enfrentadas desde a socialização evadiram-se de quatro escolas. As autoras basearam-se na interface entre Antropologia, Estudos Filosóficos, Memória, Cultura Escolar para analisar esta história real, compreendendo que estas áreas de conhecimento são importantes interlocutores para estudos em educação, com o objetivo de responder à seguinte questão: Estaria a escola preparada para receber alunos com diferenças culturais tão acentuadas?