A fantasia é uma condição de sobrevivência. Para suportar a consciência da morte, criamos a fantasia da vida eterna, que existe por um simples e poderosíssimo ato de fé. A psicanalista Ethel S. Person vem afirmar em “O poder da fantasia” o valor essencial deste saudável, criativo e transformador exercício da imaginação para a formação da personalidade, do comportamento social e da cultura, da arte e da civilização. A fantasia é o que há de mais privado, exclusivo e inacessível em cada indivíduo, uma vida interior, por vezes inconsciente, por outras jamais revelada por medo, vergonha ou inibição. No entanto, Ethel S. Person nos mostra que as fantasias apontam mais semelhanças entre as pessoas do que as suas singularidades. Uma dela seria a fantasia comum entre aqueles que não conseguem se separar do parceiro, e passam a fantasiar ou desejar a sua morte. Outras, românticas, dos que sonham com um ser amado ideal, ainda que já estejam há muito tempo casados com um ser, amado ou não, real.