Gosto se discute? Quando debatemos, não é sob o pressuposto implícito de que se pode decidir algo? Há assuntos que não discutimos, pois sabemos que jamais chegaríamos a um acordo. Há outros que discutimos com o objetivo explícito de chegar a um acordo. Entre uma coisa e outra há assuntos que discutimos seriamente, mas com uma expectativa mínima ou “problemática” de acordo. Um deles é o belo. Ele coloca o paradoxo de nos engajarmos numa discussão como se nosso sentimento de prazer fosse comunicável, mas sabemos que a discussão não é objetiva. Mesmo assim, queremos que outros concordem com nosso juízo. Imputamos o acordo, mas não sabemos por que os outros devem concordar. Seria o homem de gosto um egoísta lógico? Essa parece ser a principal questão da estética de Kant, aqui abordada de forma sistemática e crítica, considerando diversos aspectos da filosofia kantiana e confrontando-os com as provas que Kant pensou ter dado em favor da validade intersubjetiva do belo. Embora haja uma valiosa pesquisa sobre a estética de Kant no Brasil, ela encontra-se sobretudo em artigos e coletâneas. A presente obra monográfica procura tratar a teoria kantiana do belo passo a passo.