Furio Lonza transborda ironia. Seus contos trazem personagens que se desviam completamente de clichês românticos. Nada idealizados, por meio de uma ironia fina, o autor que se declara um admirador de clássicos, escritas contínuas e sequenciais, constrói personagens perversos. Declarações e pensamentos ousados formam afiadas declarações e reflexões, fugindo a qualquer submissão de regras sociais, fato possível de se verificar a primeira olhada na capa do livro, no qual personagens demasiadamente humanas exibem-se sem medo de sua selvageria natural. Na breve introdução da obra, o pavio curto do despojamento dos clichês, mostra a preguiça do artista de se sujeitar a formalidades, explicações; se o autor o faz por fim, é como meio de elucidar suas principais intenções, desta maneira, Furio afirma sua predileção a influências clássicas como de Allan Poe, utilizando dos artifícios da exploração psicológica e filosófica, dotando suas palavras, com densidade suficiente para que o leitor mergulhe lentamente em profundezas, na crença firme, de que no mais fundo da psique, da perversidade, instintos e desejos, firmam-se pertinentes questões humanas.