Este livro está dividido em três partes. Na primeira são abordados alguns temas que elucidam a compreensão e a prática da Filosofia em Arendt. Apesar de formada em Filosofia, nossa autora rejeitou ser chamada de filósofa, preferia ser tomada como teórica da política ou escritora política. Com isso, ela queria expressar que a sua preocupação não era com as idéias e nem estava interessada em erudição. O seu intuito era compreender. Compreender o que estava acontecendo foi o desafio do seu pensamento até o final da sua vida. Nas outras duas partes abordamos os temas éticos propriamente ditos na autora. Apesar de não ter escrito nenhum tratado de Ética, é inegável o teor ético das reflexões arendtianas. Não é à toa o fato de o seu primeiro projeto de pesquisa versar sobre as possibilidades da dignidade humana após Auschwitz e resultar na sua primeira e grande obra, Origens do Totalitarismo. O senso de justiça adquire nesse período, na autora, um sentido peculiar, diferente da perspectiva niveladora em voga. Na última parte fomos conduzidos pela percepção do filósofo italiano Giorgio Agamben, segundo a qual a obra de Hannah Arendt é germinal na compreensão biopolítica das sociedades contemporâneas. Embora jamais tenha empregado o termo biopolítica, a autora percebeu muito bem que estamos perdendo a capacidade de existência política e nos reduzindo a seres viventes.