Há algum tempo, o rock era visto como algo que desviava a atenção dos alunos, mas hoje virou objeto de estudos, agora materializado em forma de livro de Érica Ribeiro Magi sobre a Legião Urbana. É evidente que, ao longo desses anos, houve uma institucionalização e um apaziguamento do rock enquanto prática cultural. São inúmeros os músicos de rock que se tornaram “sir”, agraciados pela rainha da Inglaterra com títulos de nobreza. Isso para não mencionar a enorme quantidade de músicos que se transformaram numa espécie de “santos laicos”, compondo parte da mitologia das sociedades contemporâneas, de Jim Morrison a Kurt Cobain, de John Lennon a Raul Seixas – a lista é grande.Também precisamos notar que houve uma progressiva abertura nas universidades, em particular nas ciências humanas e sociais, para incluir o rock no rol dos temas “sérios” que mereciam ser estudados. Nos países de língua inglesa, muito do que chamamos atualmente de Estudos Musicais deve-se ao rock.No Brasil, os estudos sobre música popular, ao menos num primeiro momento, privilegiaram as identidades musicais nacionais, e o rock, aqui, não lutava por reconhecimento acadêmico, por ser música popular, mas contra seu aspecto importado. Para se legitimar enquanto um tema de pesquisa viável na universidade brasileira, o estilo teve que lutar contra seu estrangeirismo.