Este livro relata a epopéia do ciclo do cangaceirismo no Nordeste até o seu dramático desfecho, com os assassinatos de Virgulino Ferreira da Silva, o legendário “Lampião”, e do seu vingador, Cristino Gomes, o temido “Corisco”. José Anderson Nascimento oferece ao leitor uma visão rica e detalhada sobre essa fase da vida nordestina, descrevendo, com neutralidade, os acontecimentos que marcaram aquele turbulento espaço da história do Brasil. O livro é informativo. Registra que no agreste e no sertão do Nordeste formavam-se grupos populacionais oriundos da miscigenação de índios, escravos fugitivos dos engenhos, ou egressos dos quilombos, caburés e mulatos. Os brancos, geralmente eram os senhores provindos do litoral e que não tinham obtido sucesso com a exploração da cana-de-açúcar ou com o comércio, dedicando-se à pecuária em grandes extensões de terras que vieram a constituir os latifúndios do sertão, que, de certa forma, atribuíram-lhes poder econômico e conseqüente prestígio político. Na visão do autor, a estrutura agrária figurou como uma das bases das distorções sociais que possibilitaram o surgimento do cangaceirismo e do banditismo organizado. Rico em detalhes e conceitos, o livro mostra também as presenças dos coiteiros e das volantes, componentes fundamentais da sobrevivência do cangaceirismo. Desfilam nas suas páginas coiteiros famosos, ricos e pobres, políticos e latifundiários nordestinos.