Um assassinato, um suspeito e muitas perguntas. Romance policial, investigação sobre os limites do desejo, experimento narrativo, o primeiro romance de Rubem Fonseca parece um jogo de espelhos, em que os personagens se desdobram, assim como a história e o próprio narrador, sem que saibamos quais são os originais e quais são os reflexos. Paul Morel é um artista de vanguarda que está preso pela suspeita de assassinato de uma de suas namoradas. Na cela, recebe a visita do escritor Vilela, ex-delegado que já aparecera no conto final de A coleira do cão (1965). Enquanto Morel pede ao escritor auxílio para escrever — não sabemos se um romance ou sua autobiografia —, Vilela enxerga no artista semelhanças com sua própria vida. O que lemos é o entrelaçamento de duas narrativas paralelas: ora estamos diante do manuscrito de Morel, ora é o narrador que assume a história. Até que, no final, as tramas se encontram em uma conclusão brilhante.