Pequeno ensaio amoroso, de Luiza Cantanhede, é uma coletânea de poemas onde a relação corpo-sentimento está cortando o verbo. Ela trabalha o verso livre. Usa a criatividade estética. Reinventa o signo e o colorido das metáforas. O amor nunca é opaco. Tem linhas nubladas. Caminha pelo subsolo. Esquece o lençol freático onde ficam as melhores águas. Tudo é Eros, mas não é apenas conquista, é flora, é viço. Há também a arquitetura do feto, que busca se encontrar com o elo ancestral. Tudo brota seiva, ácido, corte. Não temos flores, na poesia dela. Despetalados são os universos semânticos da poeta. O que dizer do impacto? Das contradições e dos diálogos? É preciso reafirmar a palavra robusta, capaz de nos arrastar pelas manhãs dos pecados. Toda palavra, na obra, é um convite aos músculos do amor. Por fim, os olhos recordam os arrepios e a cicatriz.