Ao pretender caracterizar a expansão do renascimento em Inglaterra, na sua vertente da arte da arquitectura e em referência ao classicismo emanado das civilizações de Roma e Grécia antigas interpretado no contexto revivificado das repúblicas mercantis da península itálica, precisamos de avaliar o impacto das mudanças introduzidas nas práticas construtivas do reino dos Tudor, no sentido de compreender a sua extensão na cultura daquela sociedade e como se entenderam esses novos valores com as predominantes práticas ligadas ao gótico perpendicular, estilo oficial na iniciativa religiosa com persistência até ao final do século XVI. É consensual que podemos tomar a figura de Inigo Jones como a que primeiro interpretou os sinais da imparável mudança cultural que a internacionalização do país de algum modo impunha, estendendo à arquitectura e à ideia de cidade a actualização de conceitos artísticos já presentes no teatro de Shakespeare. Jones, na esteira das diferentes vanguardas daquele tempo representadas no país pela nova filosofia científica de Francis Bacon e, no quadro da arquitectura pelo escrito de Henry Wotton, embaixador em Veneza e divulgador de uma teoria crítica apoiada nos textos de Vitrúvio e Palladio, procura emancipar-se do passado regionalista para construir um campo de acção que tira do saber universal codificado dos autores itálicos uma nova linha de rigor formal e procura de valores estéticos associados a outra eficácia simbólica.