O presente muda o passado. Esta constatação que soa banal para os ouvidos do século XXI, parece ainda não ter sido suficientemente explorada no que se refere à noção que temos hoje do museu moderno. Esse modelo de museu que chega ao presente ainda pensado como templo, espaço sagrado onde são transmitidas as verdades do passado, cuja relativização ainda se vê em estágios iniciais, precisa ser discutido a partir do entendimento de sua origem histórica, num passado recorrentemente reinventado, reproduzido e apropriado. Esse museu de que falamos não nasceu na Grécia antiga, como somos muitas vezes levados a acreditar, e as Musas que lhes deram o nome foram raptadas de um passado chamado de clássico para dar sentido à instituição que se formou concretamente apenas no século XIX. O passado dos museus não é assim tão longínquo. Longínquas são as múltiplas referências por ele evocadas.