Este trabalho analisa o processo histórico que envolve as políticas de anistia e reparação em relação aos cerca de 60 mil perseguidos políticos durante os 21 anos de ditadura militar no país. Em sua cronologia, o processo abarca quatro aspectos principais, que se deram sucessivamente - 1) a luta pela anistia política, visando ao reconhecimento dos direitos políticos e de expressão, e, em outra instância, à volta ao país de milhares de exilados; 2) Após o restabelecimento dos direitos políticos, a reintegração social e trabalhista dos perseguidos na sociedade; 3) A busca pela 'publicização' do ocorrido, que se dava durante o período militar de diversas formas (literatura, cinema, teatro, TV) apesar da censura sofrida constantemente. E as formas de comunicação, como a Internet, são ferramentas para continuar o trabalho de divulgação e luta pelo não-esquecimento; 4) A procura do reconhecimento do Estado pelos erros, através de indenização financeira e reparação simbólica. Iniciado na década de 1980, este último aspecto tornou-se mais forte desde a década de 1990, e está ligado tanto a busca pela justiça como pelo 'direito à verdade', através da reivindicação da abertura de arquivos públicos, dos documentos do exército, das polícias, dos institutos médicos legais, e também da devolução dos corpos, das comprovações dos atestados de óbitos etc. Todos esses aspectos são permeados pelo que a autora chama de 'busca pela preservação da memória', sendo a exposição e a interminável luta pela reparação por parte dos perseguidos e parentes das vítimas, o preço por reaverem seu próprio passado e o devido lugar na história do país.