O nome é sonoro, harmonioso: Bueno de Rivera. Parece um poeta espanhol. Ou um daqueles burgueses altivos dos romances de Perez Galdós. Impõe um certo respeito. Na verdade, é uma invenção do mineiríssimo poeta cujo nome na pia batismal era Odorico Bueno, por sinal bem pouco poético. Descendente do velho tronco paulista que remonta a Amadeu Bueno, o tal que foi proclamado rei do Brasil, em 1640, nasceu quase três séculos depois, em 1911, em Santo Antonio do Monte, e faleceu em Belo Horizonte, em 1982. Bueno de Rivera pertence à geração de 1945. Quando lançou os seus primeiros livros – Mundo Submerso (1944) e Luz do Pântano (1948) – foi equiparado a outros jovens que se afirmavam, Lêdo Ivo, João Cabral de Melo Neto. A partir daí, calou-se, só lançando uma nova obra (Pasto de Pedra), em 1971. Os primeiros livros, de tendências surrealistas, refletiam, desde o título, "um mundo submerso, subterrâneo, dessa luz difusa sobre as águas pantanosas do tempo",lembrando uma pintura de Salvador Dalí ou de Max Ernst, conforme a observação de Affonso Romano de Sant'Anna no prefácio deste livro. A crítica da época rasgou seda. Sérgio Milliet garantia que "pela temática atualíssima, tanto a de participação como a de inquietação individual, assinalam seus versos um ponto mais alto na moderna poesia brasileira". Pasto de Pedra indicanovas inquietações. É um livro de participação política, mostrando um poeta voltado para as raízes barrocas das Gerais, tentando entender as personagens da Inconfidência e a própria formação do estado, com um lirismo a que não falta a contida ironia mineira. Um ponto a assinalar na edição dos Melhores Poemas Bueno de Rivera é a inclusão de poemas inéditos, em número equivalente aos já publicados, revelando novas facetas desse bom poeta das Minas Gerais.