Historicamente, a obra de Machado de Assis tem sido classificada como pessimista e niilista, embora raramente sejam examinadas as premissas que orientam essa classificação. Este livro oferece uma interpretação divergente e original, defendendo que o niilismo é um motivo condutor dos romances machadianos, de Memórias póstumas de Brás Cubas a Memorial de Aires, aparecendo como perspectiva a ser galhofada. Apoiando-se em leituras de Blaise Pascal, Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche e outros filósofos, Vitor Cei busca demonstrar o quanto, na realidade, a ficção machadiana se distancia das concepções tradicionais de pessimismo e niilismo, na medida em que as aborda com a pena da galhofa. Desse modo, revela noções conceituais como “arquitetura de ruínas”, “ascetismo gamenho”, “condição casmurra”, “modernidade capenga”, “modernidade de caranguejo”, “viúva de Deus” e “voluptuosidade do nada”.