O pêndulo da narrativa opera segundo a lógica das transações de uma caixa de penhores - na primeira parte, a heroína se entrega, penhora sua pureza e um ícone da Virgem. Na segunda, resgata a imagem, mas paga com a própria vida. Este livro é um estudo sobre a opressão, um cárcere narrativo em que um indivíduo impõe a outro uma derrota esmagadora. Em cada linha, sentem-se a mola do ressentimento, o erotismo da intimidação, a anatomia da maldade. O diabo está nos detalhes. O irracionalismo aparente revela suas miudezas materiais, os desvios obedecem a uma rota calculada, o desespero tem conexões profundas com a noção de propriedade. É possível penhorar um crime?