A arte de ser leve fala sobre coisas simples que deixam a vida mais feliz Novo livro de Leila Ferreira chega às livrarias pela Editora Globo Tem gente que anda com um enorme bacalhau nas costas. A imagem é usada pela jornalista Leila Ferreira pra descrever aqueles que não conseguem se livrar da carga do mau humor e vão estragando o dia de quem tem o azar de topar-lhes o caminho. Para quem ainda não reconheceu, a autora de A arte de ser leve se inspirou no rótulo de um tônico tradicional, a Emulsão de Scott, que continha o intragável óleo de fígado, e trazia estampado um marinheiro arcado sob o peso do peixe às suas costas. O livro, lançado pela Editora Globo, é um antídoto contra os bacalhaus que muitas vezes arrastamos pela vida afora. Leila conta, logo no começo, como teve a ideia de escrevê-lo: Há pouco tempo, conversando com a dona de um salão de beleza que funcionários e clientes costumam descrever como uma pessoa leve, perguntei o que estava por trás daquela leveza. Como ela conseguia manter o bom humor e a calma em situações que normalmente causariam estresse (por exemplo, passar doze horas por dia ouvindo o barulho ininterrupto de secadores e de vinte mulheres falando ao mesmo tempo)? Conceição respondeu: ‘Tem gente que vem pro mundo de caminhão e tem gente que vem de bicicleta. Eu sou da turma da bicicleta’. Saí de lá morrendo de inveja. Leila ficou impressionada com a simplicidade e sabedoria da resposta e passou a compilar uma série de situações que demonstram como os gestos simples e corriqueiros podem tornar a vida mais leve, ou muito muito mesmo! mais pesada. A autora não pretende em nenhum momento, como a leitura revela, ser a dona da verdade, usar de didatismo em receitas fáceis e desgastadas dos livros de autoajuda. Também não quer as complicações acadêmicas. As histórias e impressões vão sendo aos poucos tiradas do cotidiano, da memória, das entrevistas acumuladas em sua carreira com pessoas importantes e dos bate-papos com anônimos. Leila Ferreira tem uma capacidade singular de observação de recolher as melhores histórias e de fazer entrevistas com o tom saboroso da conversa informal. Mas, nem por isso o livro perde na potência da pesquisa jornalística, nos dados interessantes obtidos em pesquisas recentes da psicologia, da sociologia, da medicina. Dessa maneira, costurando informações científicas, divagando, conversando, a autora propõe uma pequena revolução: num mundo abarrotado de e-mails e telefones celulares, de pouca cortesia e muitas dietas, cheio de ambição e consumismo transformar os gestos do cotidiano, aqueles que nos prendem e sobrecarregam sem sequer nos dar a chance de percebê-los.