Como lidar com alunos que plagiam trabalhos da internet? E o que fazer com vestibulandos que seguem à risca as apostilas e não conseguem aplicar o conhecimento em enfadonhas provas de múltipla escolha? Por que ensinar as regras gramaticais, sem formar alunos que tenham o que dizer e que saibam ordenar suas idéias numa redação? Estas e outras questões são levantadas pelo escritor e professor universitário Gustavo Bernardo, no livro A educação pelo argumento. O título ganha edição ampliada e revista, com dezenas de páginas inéditas sobre sistema educacional. Gustavo Bernardo acredita que a escola, como ela é hoje no Brasil, ensina tanto quanto a penitenciária recupera delinqüentes. O aluno é considerado incapaz até que suas provas demonstrem o contrário. Nesse processo, sua nota final importa mais que sua capacidade de argumentação. Em vez de se incentivar os estudantes a debater, refletir e raciocinar, eles são obrigados a decorar os nomes de todos os afluentes do rio Amazonas, por exemplo, informação que não ajudaria em nada alguém que se perdesse por lá. No caso das redações, os professores se preocupam apenas com a aplicação correta das regras gramaticais, sem formar alunos que tenham o que dizer e que saibam ordenar suas idéias. Mas Gustavo Bernardo não é apenas um crítico do sistema. Ele oferece soluções e muitas. Uma delas é a interdisciplinaridade, com todas as disciplinas da grade curricular integradas no objetivo comum de desenvolver a capacidade de argumentação de cada aluno. O autor defende a tese de que todo professor, de qualquer especialidade, ensina português (quando escreve para os alunos e corrige suas provas) e matemática (quando exercita a capacidade de raciocínio dos estudantes). Por conta disso, os professores de quaisquer especialidades deveriam ter aulas regulares de português (voltadas para a lógica do discurso), matemática (voltadas para os princípios de abstração) e filosofia (voltadas para a epistemologia) [...]