Quem eram os Índios Cristãos e como se converteram ao cristianismo? De que maneiras se inseriram na ordem colonial e quais as formas por eles utilizadas para construírem espaços autônomos e sobreviverem cultural, política e socialmente? Quais foram as formas particulares de sua conversão e qual o sentido que para ela construíram? Estas são as principais questões que alimentam as páginas deste livro. Através de pesquisas realizadas em arquivos e bibliotecas brasileiras, portuguesas e italianas, em fontes manuscritas inéditas do século XVII ao século XVIII, em relatos de missionários, autoridades coloniais, em processos e denúncias da Inquisição Portuguesa, aos poucos foi se desenhando algumas possibilidades de resposta a essas indagações. Este livro nasceu de uma tese de doutoramento defendida junto à Universidade Estadual de Campinas Unicamp e pretende ampliar a percepção das formas ativas de comportamento dessas populações no contexto da conquista de seu território e de suas almas. Embora o impacto sobre suas crenças, formas de vida e sobre o controle dos seus corpos tenham sido enorme, essas populações cristianizadas criaram estratégias de adaptação às novas circunstâncias impostas pelo modelo ocidental de vida, moldando seu campo referencial para as novas conexões de sentido impostas pela necessidade da troca simbólica. À revelia das representações e das percepções que os colonizadores católicos construíam sobre eles, os índios cristãos ganharam no mundo do outro um espaço que lhes era próprio. Através de práticas, oriundas de mesclas culturais, inventaram novas formas de vida misturando religião, magia e poder.