O livro do Victor impacta por diversos motivos. Tudo começa pelo fato de ficar nítido que tal impacto não se tratou de uma vontade racional do autor, mas de um impacto que as personagens lhe apresentaram no decorrer das suas histórias. É assim porque é. Tem dor porque tem. Tem beleza porque tem. E mais, o que considero um ganho enorme no livro, tem a estranheza, por vezes incômoda (necessária para uma literatura de real transformação interior), que uma crueldade não destituída de delicadeza, que um amor não destituído de demência, gera no leitor. Trata-se de uma espécie nova de ternura irônica, que atravessa de forma subjacente todos os contos. (...) Outro ponto alto da literatura do Victor é o nível surreal que alguns contos alcançam. Não apenas surreal, mas cômico, ou melhor, tragicômico. Que pega o leitor desprevenido, que provoca aquele riso descontrolado da desgraça. (...) E o que mais? Sim, ainda tem mais. Têm experimentações formais interessantíssimas.