Uma interrogação sempre presente é o que a Psicanálise pode dizer sobre o funcionamento drogadicto? Este livro é resultado desta pergunta a partir da experiência clínica com pacientes drogaditos. Circunscrevendo nosso estudo, à drogadição na neurose verificamos que, um dos pontos essenciais para este funcionamento é uma recusa peremptória à falta, logo, ao desejo. A compulsividade - diferente do uso ou abuso-, em relação ao químico, se dá através de um processo de instalação de uma lógica adictiva. Quando ela se instala, a pessoa fica presa a um movimento pendular de uso-abstinência-uso, assim sucessivamente, que o enclausura de tal modo que a existência como sujeito fica suspensa. Essa lógica de funcionamento tende a falhar. A satisfação do uso passa a não ser a mesma de outrora, produzindo, assim, cada vez mais mal-estar, angústia e fissura. Provoca uma compulsividade "seca", sem o alívio que era obtido anteriormente. Verificamos, a partir deste ponto, a possibilidade da falência da lógica adictiva. A partir desta podemos começar o tratamento da drogadição. Este requer uma longa retificação subjetiva e exige a renúncia ao entorpecimento. Com esses passos dados, abre-se a possibilidade de um tratamento preliminar para uma análise.