Escrito de forma acessível e didática, este livro será de imenso interesse não apenas para estudiosos da linguagem, mas todos os que querem entender melhor a complexidade da desigualdade racial no Brasil. Com sua análise original da relação entre língua e racismo, Gabriel Nascimento aborda um tema quase totalmente ausente da linguística brasileira, se posicionando de forma lúcida e engajada nos debates de intelectuais negros, muitas vezes esquecidos, e mostrando suas contribuições para uma visão mais inclusiva da linguagem dentro da sociedade brasileira. De fato, a grande novidade da obra de Nascimento é de mostrar tanto as ausências da linguística tradicional quanto as pistas para uma renovação dessa área, dando continuidade ao projeto anticolonial de autores clássicos como Franz Fanon e à crítica decolonial contemporânea, que está transformando debates acadêmicos e políticos ao redor do mundo. Assim, este livro se insere numa virada importante na ciência e sociedade brasileira, que somente agora está começando a encarar a força estruturante de categorias raciais." Joel Windle (Monash University, Austrália/Universidade Federal Fluminense). Nesta coletânea de 20 contos, o autor faz uma experimentação dos sentimentos através de urgências vindas de ações corriqueiras. É um livro contra a obviedade, onde o leitor é instigado a quebrar o estado comum e mergulhar em epifanias a fim de vasculhar o íntimo das emoções. A figura do Abaporu surge no primeiro conto (“Anunciação”) advertindo sobre a real face do mundo – a partir de então são abordados temas como: a culpa e a coragem (“O primeiro crime”, “A espantosa descoberta de Rosa”), amor e solidão (“A mulher e o cacto”, “O abandono”) e a negação ao luto (“A visita de Lourdes”). Ainda, por experiências transcendentais (“A filha de Vênus”) e observações cotidianas (“O instante entre os girassóis”, “Clóvis”) outros personagens também buscam ir além da superfície e compreender os motivos de suas inadequações. É, sobretudo, uma tentativa de transpor as amarras das coisas ordinárias.