Este livro visa reconstruir uma ética pedagógica libertadora freireana a partir do contexto histórico-social da América Latina das décadas de 1960 e 1970. Esta meta se articula por um núcleo que é a reconstrução de uma ética pedagógica libertadora em Paulo Freire, por uma base contextual, a situação histórico-social, conectada à base fundante, a própria realidade humana, concreta, vivida no Continente latino-americano das supracitadas décadas. A América Latina como base fundante do problema foi analisada, refletida, interpretada, compreendida e desvelada pelos múltiplos olhares da pedagogia, teologia e filosofia aqui surgidos e reivindicados. O contexto histórico-social é o ângulo sob o qual situamos a realidade concreta e datada do continente nas referidas décadas. A análise do referido contexto levou-nos à identificação de categorias e elementos que possibilitaram a reivindicação de uma pedagogia, teologia e filosofia "próprias", latino-americanas, da libertação. Próprias, porque nascem na periferia do mundo, partem da práxis histórica de opressão das vítimas negadas na exterioridade do sistema de centro hegemônico vigente, dos oprimidos, do reverso da história. Na inter-relação da pedagogia, teologia e filosofia da libertação como horizontes e modos peculiares de análise e reflexão da América Latina nas décadas de 1960 e 1970, a partir do contexto histórico-social focalizado na sua dimensão ética pedagógica libertadora freireana, reside a originalidade e inovação dessa proposta. Neste encontro de projetos libertadores latino-americanos estão a pedagógica de Enrique Dussel com a pedagogia dialógico-problematizadora de Paulo Freire que nos permitiram, a partir da noção de exterioridade, a reconstrução de uma ética nascida do "ser-negado", do "ser-menos", do oprimido, por isso originária. Assim, reconstruímos uma ética pedagógica libertadora freireana, demonstrando que a redescoberta do oprimido como sujeito histórico, livre e autônomo se realiza no ato de educar entendido como atitude ética.