Aventurar-se pelos caminhos de Dois Contos é, antes de mais nada, adentrar as possibilidades mais refinadas da linguagem, seja com apurada emulação da retórica periférica, popular e de fala de Conga na Boca do Cachorrão, seja com requinte estético de Antes Mal Acompanhado do que Só. Em ambos, um quê de literatura marginal alçada com esmero com que W. Teca constrói - no cuidado justamente com o que os meandros da expressão escrita podem alcançar por meio do olhar atento aos lugares de fala - um mundo permeado de álcool, sexo e violência, ao mesmo tempo que recheado de poesia crua e seca, revelando uma beleza ríspida, por assim dizer, mas completamente condizente com o topos retratado nos contos. Uma beleza que choca e transfigura - e da qual Teca garante que não saíramos incólumes. Filippo Mandarino