A relação entre desconstrução e os pensamentos chamados pós-coloniais ou decoloniais não é, de modo algum, ponto pacífico. Não bastasse a querela (por vezes infértil) entre os autores do pós-colonialismo e do decolonialismo, o papel de Derrida nessa discussão parece ainda um tanto problemática ou ainda não explorada. Certo é que Jacques Derrida, ao longo de toda sua extensa obra, que se desenvolve desde o final da década de sessenta até o começo do século vinte e um, sempre se preocupou em empreender uma desconstrução da colonialidade. Nesse sentido, podemos, a partir desse brilhante estudo de Fábio Borges-Rosario, compreender o quanto o próprio nome “desconstrução” já abriga em seu coração a própria tarefa de um olhar crítico a todos os aspectos coloniais que nos chegam junto da filosofia ocidental. Mais ainda, Borges-Rosario nos mostra o quanto é urgente a aliança entre desconstrução (pensamento gerado às margens do ocidente, que precisa olhar criticamente para esta ocidentalidade) e descolonização (formas de pensamento que surgem ao sul e que devem olhar e afirmar a positividade do suleamento). Franco-magrebino, nascido na África desenraizada (segundo o próprio Derrida), produto portanto do ocidente e dos monoteísmos, o filósofo encontrou como tarefa combater esse vínculo inseparável e perverso entre a filosofia ocidental e o processo colonial – e é tal tarefa que precisa se aliar, suleando-se, a um olhar cuidadoso às lutas antirracistas e que trazem à cena filosófica a pluralidade de saberes que, por sua potência, o ocidente preferiu negar. Não obstante, Borges-Rosario apresenta esse complexo panorama pensando a partir de, para e com a educação. As práticas escolares, as teorias pedagógicas e as políticas educacionais são postas em cheque, ou seja, apresentadas a partir da própria desconstrução que elas carregam, a fim de que, delas, surjam vigorosas ações antirracistas, suleadas e abertas a tantas novas formas de saber. Como diz Dirce Solis, na apresentação do