Considerada pelo próprio autor como sua melhor realização, Piedade Cruel foi escrita em 1939 e estreou em 1946, depois de uma ausência de mais de dez anos de peças inéditas do autor nos palcos. Nela, O´Neill abandona o experimentalismo com linguagens, formas e enredos, que caracterizou sua produção nos anos de 1920 e de 1930, para retomar certo realismo do início de sua carreira, enriquecido pela experiência atribulada em sua vida pessoal e como dramaturgo. Piedade Cruel discute a necessidade humana de criar ilusões para suportar o peso da vida, a paz de espírito como necessidade fundamental do homem, e toda a ação gira em torno do conflito entre a ilusão e o valor relativo da verdade. A riqueza da peça decorre de seus diversos níveis de leitura, de suas várias interpretações, da profundidade e da compaixão com que o autor retrata os seres humanos decaídos, mas irmanados pelo sonho.