A multidão no Brasil – como na Turquia, Espanha e em todos os lugares do ciclo de lutas que se alonga desde 2011 – exige uma “democracia real”, contra a democracia fantoche que nos vendem o tempo todo. É, de fato, uma ideia bonita. Mas estariam aslutas políticas da multidão, apesar de explodir ruidosamente em cena, condenadas a ser fugazes e efêmeras, inefetivas contra os poderes dominantes? A falta de unidade e liderança central minaria qualquer consequência política duradoura para as lutas da multidão? Seria a vida dessa multidão “sem liderança” cheia de barulho e de fúria, mas sem significar nada? Ou, ao contrário, seria a força da multidão como o “leão proletário” de Marx: embora temporariamente subjugado e aparentemente domado, uma força selvagem que só vai ser verdadeiramente reconhecida no futuro? (do prefácio de Michael Hardt)