Guiado por um romance ousado, Balieiro retoma arquivos históricos tradicionais sob uma nova ótica que explora segredos surpreendentemente mantidos por pesquisadores/as anteriores. Dentre as contribuições deste curto e inspirado livro, vale destacar como o autor, sintonizado com os Estudos Culturais, não apenas expande o que se compreende como arquivo mas, sobretudo, aposta em uma leitura dele a contrapelo. Interrogar o passado sob uma ótica questionadora dos valores morais e dos padrões de gênero e sexualidade ainda hegemônicos na sociedade brasileira tem muito a contribuir para a repensarmos. Violências e injustiças antes não reconhecidas ganham visibilidade neste empreendimento tão científico quanto politicamente comprometido. Assim, em uma (re)leitura mais afeita a demandas de reconhecimento do presente, O Ateneu (1888) ganha atualidade e nos auxilia a repensar processos históricos que criaram o Brasil em que vivemos. Em especial, os que envolvem nossa sexualidade, nosso erotismo e a construção nacional de uma masculinidade hegemônica. Richard Miskolci