O Fazer Formal A visita às Artes Plásticas, aos Concertos e Sinfonias - no fazer ficcional e suas técnicas - acaba, aqui, neste O ou­tro lado das coisas, se tensionando com a própria condu­ção do modo narrativo da A. Aqui e ali, ao longo do livro, a carga de plasticidade (intensos jogos visuais) - os recursos do Impressionismo literário. Narrador onisciente, inclusive nas interferências interca­ladas, até prescindindo do Discurso Indireto Livre, favore­ce a caracterização de personagens, muitos deuteragonistas (mas não distantes dos proto). Tudo se completa (ambiência e gentes) através recursos do tempo retardado da narrativa, em minúcias, detalhes funcionais. Os desfechos, como em Cinco minutos (ou "as coisas não têm volta") não se valem dos arremates, e o curioso: lacônicos, a exemplo da gra­dação conclusiva do conto acima: Dois minutos depois, já vestido, feita a barba, verificou os documentos no bolso, da rua.apanhou as chaves, bateu a porta e saiu para a claridade Técnicas na justa medida, e adequação no raro dialogis­mo ostensivo. Formalmente, livro muito bem solucionado. Elaboração Conteudística "Deixa estar, mãe, que quando eu crescer ele não vai mais te bater..." O início do conto O segundo dia, reprodu­zindo o solidário apelo-consolo do menino diante da mãe sempre surrada pelo seu homem, bem repete o critério e a sensibilidade da A. diante dos personagens, dos dramas e perplexidades da vida. A narrativa, aqui como em tantas ou­tras, enfatiza fins trágicos (ou não) a morte como imagem iterativa. Curioso é que se trata, em vários contos, de flagrantes do cotidiano, envolvidos por intensa laceração emotiva, tal fossem longas crônicas. Entanto, transcendendo, revelam­-se problemáticas de preocupação com os contextos sociais, que sufocam o homem (cotas "para eles").