Quando virei à esquinaO que era escola é schoolMas não é só no meu bairroIsso é de norte a sul.As lojas da minha cidadeTodas têm nome em inglêsElas são para estrangeirosOu para mim e vocês?A praça se chama squareO campo se chama fieldO meu país já não éA terra dos meus avósE a culpa é minha e é suaA culpa é de todos nós.Para comprar vou ao shoppingNão é mais senha, é pinSe está dopado é dopingO português está no fimprei o meu notebookEm um grande outletComprei também um pen driveE também um tal tablet.Mas o troco é em realNão foi dólar não senhorMe deram um mundo irrealLonge de mim, sem valor.No meu rádio toca um somQue eu não consigo entenderNão sei se é ruim ou é bomNem se tem algo a haver.Quando liguei a tevêTodos falavam em inglêsVelhos, moços e até bebêsDeram adeus ao português.Enfim, peguei um jornalPara saber onde estouSó falavam em Nova IorqueE quando em vez em Moscou.Na escola a prioridadeÉ falar bem o inglêsE se você tiver tempoUm pouco do português.Eu já estava me sentindoCidadão americanoDo Brasil, me despedindoComo um nômade, cigano.Mas aí bem de repenteTudo teve um revésE aquilo o que era footVoltou mesmo a ser pés.School voltou para escolaBall voltou a ser bolaE você voltou também.E o que ficou para mimFoi um ditado que dizia:‘Se o Brasil fosse ruimO estrangeiro não o queria.’